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quarta-feira, 8 de julho de 2015

MUSEU DE ARTE DE SÃO LEOPOLDO - A PAREDE - ENTREGA FINAL


O Museu de Arte Contemporânea Parede é um projeto acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos.
Nessa postagem faremos uma análise da funcionalidade do edifício e comentar um pouco sobre as diversas decisões arquitetônicas.



Conforme visto, na disciplina de Atelier de Projeto IV do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos os alunos precisam projetar um museu de arte contemporânea na cidade de São Leopoldo. A matéria, ministrada pelo professor Ronaldo Ströher, possui uma disciplina auxiliar chamada Seminário de Interação, com aulas orientada pela professor Karen Haas.

Ao longo do semestre, o conceito do museu deveria ser trabalhado e, após algumas reflexões e anotações, adotei o conceito de parede. A forma como o conceito de parede foi pensado e trabalhado no projeto pode ser conferida através da postagem "Museu de Arte de São Leopoldo - CONCEITO E ESBOÇOS", onde podem ser vistos alguns rascunhos iniciais da volumetria, planta baixa e corte. 

Nos estudos de referência para o projeto, onde analisei o Museu Kiasma, do arquiteto americano Steven Holl, na cidade de Helsinki, Finlândia, aprendi as formas como o arquiteto trabalhou o conceito com tal excelência que quase cria uma nova forma de classicismo. O Kiasma está tão bem relacionado com o entorno urbano local que parece que só pode existir naquela forma no local onde está situado assim como o entorno não permitiria um edifício de outro formato. Parece que ambos foram feitos um para o outro. O museu de Holl apresenta muitos outros aspectos que fortalecem essa ideia clássica. Percebi que isso só foi atingido através de um conceito bem estruturado cientificamente, sem deixar de lado o propósito artístico da função para qual o edifício é destinado. Todos os esforços conceituais para o Museu Parede foram tomados para tentar atingir resultado semelhante: museu e lugar não poderiam existir separados um do outro.

O desenho do museu foi aprovado pelo professor no Grau A restando apenas os detalhamentos do edifício para o Grau B, a etapa final da disciplina. O resultado do Grau A pode ser conferido na postagem "Museu de Arte de São Leopoldo - Projeto Grau A".

Sendo o foco do Grau B o detalhamento, em Seminário de Interação a professora Karen apresentou sistemas de fachadas, drenagem, climatização e um pouco das normas de acessibilidade. Para a entrega final da matéria, os alunos deveriam apresentar um esquema do sistema de drenagem do lote do museu em uma prancha A3 ou A2. Vou me deter no resultado dessa pesquisa em uma postagem específica, visto que a quantidade de material reunida e os estudos necessários foram muito extensos.

Assim, na postagem de hoje, apresentarei as estratégias adotadas no projeto do museu de arte no que se refere à funcionalidade, circulação e relação do conceito com o entorno.





Após a definição do conceito de parede, a ideia do partido geral surgiu logo com os apontamentos das diretrizes. O volume orgânico nasceu com a vocação para abrigar as salas de exposição, deixando os setores funcionais do museu abrigados no volume cúbico regular. Com o resultado dessas escolhas, edifício deveria possuir pelo menos 05 pavimentos e, dessa forma, ficou fácil a adoção de uma circulação semelhante à do prédio da Fundação Iberê Camargo, projeto d arquiteto português Álvaro Siza em Porto Alegre, Brasil, onde o visitante inicia se trajeto subindo de elevador até o quarto pavimento, passa pelas salas expositivas e acessa o pavimento inferior por meio de rampas que se´projetam para fora do edifício. Então, no Museu Parede, o visitante também sobe de elevador até o pavimento mais alto e desce, pavimento por pavimento, até finalizar a visita no térreo. Com essa decisão, o edifício de 05 pavimentos precisou ganhar um sexto pavimento, onde existe um mezanino que circula as salas de exposições do pavimento 05. O programa exigia pelo meno uma área de exposição com pé direito de 12 metros de altura e o pavimento 05 era o ideal para abrigá-la, fazendo uso da curvatura do edifício que crescia ao longo do seu comprimento. O visitante inicia começa, assim, passeando pelo mezanino através dessas salas e, descendo pela grande rampa em formato de L, pode apreciar as obras no quinto pavimento. 


NO CORTE AA É POSSÍVEL PERCEBER A CIRCULAÇÃO CENTRAL LEVANDO ATE O PAVIMENTO 06 DO MEZANINO

JÁ NO CORTE BB SE PERCEBE BEM A ORGANIZAÇÃO DO MEZANINO AO LONGO DAS SALAS DE EXPOSIÇÃO DE PÉ DIREITO ALTO


NO CORTE DD É POSSIVEL TER UMA NOÇÃO DA ESCALA DAS SALAS DE EXPOSIÇÃO COM PÉ DIREITO ALTO

PAVIMENTO 06 - MEZANINO
PAVIMENTO 05


As rampas, assim como no edifício de Siza, se projetam para fora do edifício. No entando elas não formam novas volumetrias e sim dão formato à volumetria orgânica. Elas acabam por formar um gigantesco muro branco, ou uma enorme parede branca, que vai de encontro com o conceito do projeto. O maior trecho da rampa possui o comprimento de 40 metros e o menor trecho abrange uma distância de 20 metros permitindo, assim, o visitante descer os 4 metros que existem entre os pisos de cada pavimento. Por uma questão funcional, existem escadas e elevadores no centro do edifício e na extremidade oeste.


ENCONTRO DAS DUAS RAMPAS. AO FUNDO É POSSÍVEL VER O MEZANINO E AS SALAS DO PAVIMENTO 05 

O programa do museu também exigia uma área de exposições temporárias. Essa área, diferente da primeira, que abrigava as obras de exposição permanente do acervo, serve para exposições com duração de no máximo 03 meses. O visitante poderia frequentar essas exposições à vontade, exceto em determinadas épocas onde essa área precisaria ser fechada para troca de exposições, podendo ficar até duas semanas fechadas para montagem de instalações. Essa necessidade levou à busca de uma solução diferente para a circulação do museu. Já não seria possível manter a fluidez do percurso com os últimos andares abrigando o acervo permanente e os pavimento intermediários servindo ao acervo temporário, como era a ideia original do tipo de circulação escolhido. Então optou-se por dividir os pavimentos em duas áreas cada um e alojar as exposições permanentes na ala leste, onde estão os pés direito altos, e as exposições temporárias na ala oeste. Entre essas alas foram colocadas grandes portas que permanecem abertas durante o período das mostras e fechada quando precisam ser desmontadas para novas exposições. O elevador de carga foi colocado na extremidade oeste, junto às salas temporárias, onde o tráfego será intenso. Dessa forma, o percurso por rampas e salas foi mantido.


AS SALAS DE EXPOSIÇÕES SÃO DISPOSTAS NUMA ORGANIZAÇÃO LINEAR CURVA DENTRO DO VOLUME ORGÂNICO. AS CIRCULAÇÕES VERTICAIS COM RAMPAS, ESCADAS E ELEVADORES SÃO PERCEBIDAS TANTO NO CENTRO COMO NAS EXTREMIDADES OESTE E LESTE DO EDIFÍCIO



PAVIMENTO 04
PAVIMENTO 03. É POSSIVEL VER A DIVISÃO ENTRE A ÁRES DE EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS E PERMANENTES
Para a iluminação natural desses ambientes foram criadas grandes janelas em pele de vidro fosco. Essas aberturas foram voltadas para o Sul para receber luz natural difusa. Uma particularidade dos museus é que a luz Solar não pode incidir direto nos ambientes para que não danifique as obras de arte. A luz difusa do sul evita esse problema. Os pátios internos, além de servir para levar ventilação para os ambientes internos, funcionam como intensificadores dessa luz difusa, visto que as paredes brancas das rampas refletem a luz solar vinda do norte, garantindo maior iluminação natural nas salas. 


SALAS DE EXPOSIÇÃO COM MEZANINO (PAVIMENTOS 06 E 05). AS GRANDES ABERTURAS LEVAM LUZ DIFUSA E NATURAL PARA O INTERIOR
MAQUETE MOSTRANDO A DISPOSIÇÃO DAS ABERTURAS EM RELAÇÃO AOS PÁTIOS INTERNOS

MAQUETE MOSTRANDO AS ABERTURAS DAS RAMPAS, TAMBÉM COM PELE DE VIDRO FOSCAS
Após o trajeto pelas salas de exposição, o visitante desce a rampa até o segundo pavimento, chegando ao café do museu, onde estão as únicas aberturas para a paisagem exterior, em especial o Rio dos Sinos e o grande espelho d'água, que cria uma paisagem artificial ao refletir o céu azul. Esse espelho d'água, como colocado nas diretrizes, também tem a função de valorizar a visual norte do edifício, sendo o museu uma construção marcante na paisagem urbana, especialmente para os usuários da ponte próxima, o trensurb e os bairros localizados na margem oposta do rio. O Museu Parede, assim, tem potencial para virar um importante cartão postal para a cidadede São Leopoldo.


VISUAL NORTE COM ESPELHO D'ÁGUA E JANELAS DO CAFÉ 
O café possui comunicação direta com o foyer do auditório, gerando um ambiente agradável para os frequentadores durante os intervalos de palestras. Com capacidade para 150 pessoas, contando com 04 lugares destinados a portadores de necessidades especiais e seus acompanhantes, o auditório está localizado no centro do edifício próximos as salas de ateliês do setor pedagógico, podendo ser utilizado também para fins educativos do museu.


PAVIMENTO 02, ONDE ESTÃO O CAFÉ, O AUDITÓRIO E OS ATELIÊS

Seguindo o trajeto, o visitante desce pelas últimas rampas até o grande pátio interno do salas de exposição permanentes. Esse pátio é pavimentado com concreto poroso e 
proporciona um ambiente neutro, muito contemplativo.


PÁTIO INTERNO DAS SALAS DE EXPOSIÇÃO EM PERSPECTIVA VOLUMPETRICA MOSTRANDO AS ABERTURAS COM VIDRO FOSCO DAS SALAS E DAS RAMPAS


Por fim, o vistante pode se dirigir ao hall de entrada, onde fica o guarda-volumes, a loja do Museu Parede e o acesso ao estacionamento. Diferente da ideia original de abrigar todas os setores funcionais do museu no volume cúbico que serve de pódio ao volume orgânico, a grande base de pedra, com 5 metros de altura serve como estacionamento coberto para 50 vagas, sendo 02 PNE's. Os setores funcionais terminaram por ser alojados no térreo do volume do museu.


MAQUETE ESTRUTURAL ONDE SE TEM UMA NOÇÃO INTERNA DO ESTACIONAMENTO

Quando novas obras de arte são descarregadas, elas ingressam primeiro no setor de conservação do museu, formado pelo acervo, o atelier e a oficina. O acervo possui ligação direta com o elevador de carga, para subir até as salas de exposição temporária. Todo esse setor foi disposto na parte norte do edifício, recebendo iluminação e ventilação através de uma área de luz com largura de 02 metros com um jardim linear. A porção sul dessa área linear do edifício ficou reservada ao setor administrativo, recebendo luz e ventilação através dos grandes pátios internos centrais. O acesso a esses ambientes, a partir do estacionamento, acontece pelo hall de entrada.

Já o setor pedagógico, no pavimento térreo, é composto pela direção, sala de professores e bibliotecas, numa disposição que avança rumo ao estacionamento, sem se comunicar com o mesmo. A iluminação, assim como ao norte, acontece por meio do jardim linear de 02 metros de largura. Nesse novo arranjo linear de planta baixa o setor pedagógico fica ao oeste, enquanto a loja do museu e o hall ficam com a porção leste. As salas de aula, como visto anteriormente, estão no segundo pavimento e o pátio interno que leva iluminação ao setor serve como área de interação e para pequenas celebrações e exposições ao ar livre.


PAVIMENTO TÉRREO
CORTE CC MOSTRANDO OS PÁTIOS INTERNOS EM RELAÇÃO AO VOLUME CENTRAL DAS ESCADAS E ÀS SALAS DE EXPOSIÇÃO. TAMBÉM É POSSÍVEL VER AS ÁREAS LINEARES DE LUZ E VENTILAÇÃO 

Com as decisões de iluminação e ventilação por meio de pátios internos e áreas de luz e ventilação lineares cumpriu-se com a diretriz que determinava a ausência de aberturas para o exterior, reforçando a imagem do museu como uma grande parede, um limite a ser vencido pela cidade.


FACHADA SUL, ONDE SE NOTA A AUSÊNCIA DE ABERTURAS E O ASPECTO DE MURO

FACHADA LESTE

FACHADA NORTE

FACHADA OESTE


Um dos objetivos, conforme descrito no início da postagem, era atingir um certo grau de classicismo semelhante ao museu Kiasma. A disposição do prédio num grande pódio de pedra faz referência aos templos clássicos, assim como sua relação com o entorno por meio do conceito. 





As referências ao passado histórico da arquitetura continuam no paisagismo. A pavimentação do lote foi trabalhada com o conceito de final e limite presentes no contexto parede. Como o museu, de acordo com as reflexões conceituais, estaria localizado no final da cidade, os caminhos foram traçados levando sempre a becos, alguns, terminando em paredes, outros fora do terreno e um na "grande parede" do museu, no acesso principal. O resultado foi um paisagismo inspirado no jardim formal francês, com eixos monumentais e vegetação controlada, tudo muito geométrico, como o paisagismo barroco. Com isso se utiliza grande parte do terreno para formar uma praça ("Onde tem um monumento deve haver uma praça"). O museu é um monumento para a cidade.






No início dessa praça, o paisagismo faz referência aos esboços de museu criados por Jean-Nicolas-Louis Durand, no século XIX. Ali, marcado na pavimentação, é possível perceber as "salas expositivas" circulando um espaço circular, rodeados por "colunas", tal como os esboços de Durand para a nova tipologia que nascia na época. Essa pequena praça, no projeto, se torna uma área para exposição de esculturas e um palco para pequenas apresentações. As colunas são substituídas por árvores para criar sombras e um lugar agradável. 


VISTA AÉREA ONDE É POSSÍVEL PERCEBER A ÁREA DE EXPOSIÇÃO DE ESCULTURAS E O PALCO, BASEADOS NOS ESBOÇOS DE DURAND

Quanto ao detalhamento, foi mostrado a impermeabilização das lajes e os sistemas de drenagem reaproveitamento da água da chuva. Esses sistemas serão explicados em postagem futura, quando demonstrarei os resultados das pesquisas para a disciplina de Seminário de Interação.





SEGMENTO DO CORTE DD MOSTRANDO AS COTAS DE ALTURA DO TRECHO ONDE ESTÃO OS RESERVATÓRIOS


Por fim, essa foi uma apresentação das decisões funcionais e estéticas adotadas no projeto do Museu Parede. Juntamente com as postagens anteriores, mostra de forma bem completa todo o processo de nascimento da arquitetura do edifício. Quanto à graficação das pranchas, existem diversos problemas decorrentes da pouca experiência com plotagens em pranchas maiores como A1 e A0. Esses problemas, já para os próximos projetos serão corrigidos. Também a estrutura com laje nervurada apresenta alguns erros, como no caso das rampas, onde seu uso talvez não se justifique. Ao longo do curso essas questões serão corrigidas. No entanto, o Museu Parede cumpre com os objetivos da disciplina, onde o conceito foi o o foco principal.

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