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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Residencial para Estudantes da Unisinos

O objetivo para esse projeto foi propor uma solução diferente para os condicionantes físicos e urbanos do lote. Eles se parecem muito com os condicionantes do terreno do Grau A: um terreno de esquina, com fachadas para o Norte e para o Oeste. Porém o projeto do Grau A era uma residência unifamiliar com um comércio, o projeto do Grau B é um residencial para estudantes da Unisinos.







No primeiro projeto do semestre, as soluções adotadas nos projetos de todos, inclusive nos projetos de alunos de outros semestres, resultaram em projetos muito parecidos. Isso se deve às condicionantes rígidas do lote do Grau A, que, além de ser um lote de esquina, estava inserido num contexto urbano consolidado, e às referências estudadas em aula, através das apresentações dos grupos, que eram projetos simples para podermos analisá-los através dos 5 pontos descritos na última postagem.

O lote do Grau B, mesmo sendo também um lote de esquina, oferece muito mais liberdade. Trata-se de um terreno de grandes dimensões, localizado num contexto urbano em formação, próximo à universidade, que deveria abrigar um residencial de estudantes. Seu programa de necessidades inclui unidades habitacionais para até 04 moradores e uma população total de 24 pessoas. Deveria possuir áreas de convivência coletiva, que incentivam a interação entre os moradores, como salão de festas e sala de estudos. Além disso, pela primeira vez no curso, seria também avaliado o tratamento da área externa.








Como o objetivo estabelecido foi dar soluções diferentes das adotadas por outros projetos para os condicionantes do lote, a escolha da referência foi decisiva. Para selecionar uma referência ideal, não basta pesquisar na internet "student house", "housing", ou coisas parecidas. Nem encontrar qualquer lote de esquina que aparecer num livro. A referência tem que conter as respostas não convencionais para um contexto parecido ao lote estudado.

Então, como primeiro passo, tem que se estudar o lote, para saber qual o "problema" que precisa ser resolvido. O terreno era amplo, medindo 60 metros na fachada Norte e 25 na fachada Oeste. Não possui vizinhos na quadra, tendo uma visual pra universidade que pode, a qualquer momento, ser desfeita se um vizinho construir um edifício de 20 pavimentos, por exemplo. A rua de maior fluxo fica na fachada Oeste, de 25 metros, porém a melhor insolação, Norte, tem 60 metros de fachada, numa rua de baixo movimento. O lote em frente à fachada Norte  é um terreno densamente arborizado com eucaliptos, uma visual interessante, porém as árvores projetam sombra no lote do projeto. Na esquina precisa ficar um elemento excepcional do programam, como uma "vitrine", atraindo novos moradores para o empreendimento do cliente. O terreno tem um desnível topográfico suave, de 2 metros, com 03 cuvas de nível cortando-o, sendo o lado mais baixo nas margens da fachada oeste, e a parte mais elevada e mais ensolarada na região Nordeste do lote. Veja abaixo as pranchas com os esboços de todo esse estudo.






Todos esses condicionantes acabam "pedindo" uma solução volumétrica linear, com fachada principal Norte, com todas as unidades habitacionais com essa orientação solar, e o salão de festas próximo à esquina, facilitando o acesso dos visitantes sem que tenham que entrar na área privativa do edifício.

Essa é a solução adotada pela maioria dos projetos, que oferece ótimas soluções funcionais. Sendo a solução mais adotada foi logo descartada para criar um projeto diferente.

Foram analisados centenas de projetos (literalmente) na busca de um projeto que, além de responder a condicionantes parecidos, fosse inovador suficiente para se destacar entre todos.

A referência escolhida foi o Y's Court Nakahara, de Yasumitsu Matsunaga. Vejam a análise do projeto através dos 05 pontos nas pranchas abaixo.








Para fugir de um projeto linear e destacar a esquina, foi adotada a mesma estratégia do projeto japonês: colocar o volume da edificação na esquina, para que, por seu desenho diferente, chame a atenção e atraia novos moradores. Não foi uma escolha que vai contra a lógica, porque a rua de maior fluxo de veículos e pessoas fica na fachada oeste do lote, muitas pessoas passariam diariamente pelo edifício. Além disso, a rua de maior fluxo tem uma elevação, fazendo com que para chegar à universidade, as pessoas tenham que descer uma pequena ladeira, numa rua com lotes arborizados, que, ao chegar na esquina, revelariam o volume do prédio.

Porém, era necessário definir essa volumetria marcante e ela deveria ser funcional. Edifícios curvos e arredondados dão uma ideia futurista, leve e sustentável, então o projeto teria esse traçado. Mas até encontrar o melhor desenho, foram feitos vários estudos. Uns copiavam formas parecidas com o Y's Coirt Nakahara. Outros até voltaram para as formas lineares com pequenas curvaturas. 





Finalmente surgiu a ideia de adotar um partido circular. Nele as unidades habitacionais são dispostas ao Norte, ao Leste a ao Sul, sendo que no norte estariam as UHs estilo duplex, com zona social e de serviço no pavimento inferior, e UHs de estilo convencional, com serviço ao sudoeste, social ao sudeste e íntimo ao leste. Para garantir que todos tenham plantas baixas iguais, apenas com a recolocação das zonas de serviço-social abaixo da íntima nos duplex, sua circulação vertical foi colocada no núcleo da volumetria. ao Oeste ficam o hall, o estacionamento no subsolo, e a circulação vertical coletiva. A sala de jogos e o salão de festas ficam no subsolo, sem que os visitantes tenham que entrar na área privada do edifício para ir a alguma confraternização. A sala de estudos foi colocada num arranjo volumétrico na fachada Oeste, que não tem visuais para o oeste, apenas mecanismos de proteção solar que permitem a entrada de luz natural e nenhum raio de Sol. A iluminação natural dessa sala se dá pelas amplas janelas ao Norte e ao Sul.




Essa disposição resultou num edifício de 05 pavimentos, sendo necessário a instalação de um elevador. Essa solução é muito cara. Se fosse adotado o partido linear seu uso seria dispensado. No entanto, o elevador é justificado pela adoção de um desenho diferente, que atrai consumidores, que destaca o empreendimento. A arquitetura é diferente da construção civil. Ela acontece em edificações que foram cuidadosamente projetados pensando em dar qualidade de vida  e conforto aos seus usuários. Ela precisa ser diferente, precisa ter arte e criatividade. Sem criatividade não tem arquitetura. Sendo o projeto apenas um trabalho acadêmico, essa escolha possibilita exercitar a criatividade, não levando em conta o custo, visto que não será executado. Mais tarde na vida profissional, muitas vezes, pelas opções dos clientes, não será possível desenvolver por projetos assim.

A malha usada para desenvolver a planta baixa foi desenhada com uso de compasso nas escala 1:100 e 1:250. Cada círculo tem uma diferença de raio de 1,25 m e foi subdivido com  os esquadros de 30º, 60º e 45º, e todas as combinações possíveis de fazer com eles, resultando em 24 partes de 15º. Além de ser usada para criar as plantas internas, também foi usada para organizar as áreas externas.

O volume cilíndrico permitiu a revisão de alguns conteúdos estudados no curso que, com o desenvolvimento da tecnologia, os softwares de CAD e 3D, são deixados de lado pela maioria dos alunos. Todos o projeto foi desenvolvido sem a ajuda de computador. Então os conhecimentos de geometria descritiva foram essenciais para desenhar as fachadas, com as intersecções do arranjo volumétrico da sala de estudos e janelas, além da escada helicoidal, nos cortes, dos apartamentos duplex. As áreas calculadas no pré-dimensionamento foram calculadas com as fórmulas de área e perímetro do círculo, que inclusive foram úteis para desenvolver a maquete.


























As perspectivas com 01 e 02 pontos de fuga foram outro desafio, principalmente quando se precisou definir a posição do observador em relação ao edifício e em relação aos ambientes exteriores. Foi tomado um grande cuidado para não deformar as perspectivas externas. Nos ambientes internos, que são em forma de fatias de pizza, conforme sua posição, o observador deixaria de enxergar os móveis e, até mesmo, a totalidade do local.






Para fazer a maquete de um edifício circular, foram utilizados os procedimentos ensinados em Geometria Descritiva para planificação, sendo necessário calcular perímetros do círculo e modular as esquadrias das aberturas a cada 5 graus.








Até o próximo post!

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